A "Tríade da Mulher Atleta" surgiu na década de 1990, quando os pesquisadores começaram a entender melhor a adaptação etiológica da saúde das atletas ao treinamento esportivo.  A tríade abordava três aspectos: desordens alimentares, amenorreia e osteoporose. No entanto, nos últimos 10 anos, a comunidade científica reconheceu que a abordagem da “tríade” era muito limitada e, assim, surgiu o conceito de RED-S (Síndrome da Deficiência Relativa de Energia), que amplia o escopo para incluir homens, bem como uma gama mais ampla de impactos fisiológicos e psicológicos.

Embora a RED-S pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres, os sinais são mais evidentes nas mulheres devido às alterações menstruais.

A RED-S é definida como um estado de desequilíbrio entre a energia consumida (por meio da alimentação) e a energia gasta em atividades diárias e exercícios físicos. Esse déficit energético prolongado compromete funções fisiológicas importantes, como a saúde reprodutiva, o metabolismo, o sistema imunológico, a densidade óssea, a saúde cardiovascular e o desempenho esportivo.

Em resumo, a RED-S ocorre quando o corpo não possui energia suficiente para sustentar todas as suas funções essenciais, levando a consequências negativas para a saúde e o rendimento físico.

Entre as principais causas que levam ao desenvolvimento da RED-S podemos citar 4 principais:

  1. Restrição alimentar voluntária: comum em atletas que buscam reduzir o peso corporal para melhorar o desempenho ou a estética (mais comum em esportes que o baixo peso ou questões estéticas causam grande influência, como balé, ginástica, entre outros).

  2. Aumento excessivo da carga de treino (sem ajuste proporcional na ingestão calórica).

  3. Fatores psicológicos: como a pressão para atingir um determinado padrão corporal que leva ao desenvolvimento de distúrbios alimentares (bulimia e anorexia).

  4. Falta de planejamento nutricional adequado: especialmente em atletas amadores que não contam com orientação de nutricionistas ou profissionais especializados.

 

Sintomas

Os sintomas da RED-S podem variar de acordo com o grau de deficiência energética e os sistemas do corpo afetados. Entre os sintomas físicos podemos citar alterações no ciclo menstrual como amenorreia (ausência de menstruação); redução da libido (em homens e mulheres); fadiga persistente; queda no desempenho esportivo; maior propensão a lesões (especialmente fraturas por estresse); perda de massa muscular e dificuldade em ganho de força e comprometimento do sistema imunológico (resultando em maior suscetibilidade a infecções, gripes e resfriados). Os sintomas psicológicos também são constantemente presentes e significativos como irritabilidade e alterações de humor; depressão ou ansiedade; foco obsessivo na dieta e no peso corporal e distúrbios alimentares (como anorexia ou bulimia nervosa).

 

Tratamento

O tratamento da RED-S requer uma abordagem interdisciplinar que envolva médicos, nutricionistas, psicólogos e treinadores esportivos. Os principais objetivos do tratamento incluem restabelecer o equilíbrio energético e tratar os impactos causados pela deficiência energética.

 

Referências:

Lodge MT, Ward-Ritacco CL, Melanson KJ. Considerations of Low Carbohydrate Availability (LCA) to Relative Energy Deficiency in Sport (RED-S) in Female Endurance Athletes: A Narrative Review. Nutrients. 2023 Oct 20;15(20):4457. doi: 10.3390/nu15204457. PMID: 37892531; PMCID: PMC10609849.

Cabre HE, Moore SR, Smith-Ryan AE, Hackney AC. Relative Energy Deficiency in Sport (RED-S): Scientific, Clinical, and Practical Implications for the Female Athlete. Dtsch Z Sportmed. 2022;73(7):225-234. doi: 10.5960/dzsm.2022.546. Epub 2022 Nov 1. PMID: 36479178; PMCID: PMC9724109.

 

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